Cozinhas, meio ambiente e revolução

Em mais uma de minhas reflexões culinário-filosóficas, cheguei à conclusão que cozinhar em casa é altamente antiecológico. Talvez um dia seja até mesmo uma atividade proibida. Veja o quanto de embalagens pomos para fora ao prepararmos uma refeição.

E o tanto de água necessária para a higienização. A mão de obra especializada por todo o tempo de preparo. E o desperdício de talos e cascas, cujo aproveitamento imagino só ser eficiente em larga escala.

Comecei a imaginar um mundo sem cozinhas. Em vez de supermercados, teríamos gigantescos restaurantes comunitários. Um em cada quarteirão, com diversas opções, de preço e acesso livre e democrático a todos. Poderíamos aproveitar o tempo que gastamos e o espaço na casa para outras coisas.

Mas, por outro lado, essa utopia proporcionaria um grau de controle sem limite dos cidadãos. Porque todos têm de comer. Um número relativamente pequeno de câmaras e um software de reconhecimento de imagens permitiria que o Estado localizasse facilmente pessoas procuradas. De brilhar os olhos de qualquer Foucault.

Quem não quisesse ficar à vista das autoridades, teria de conseguir de alguma forma subornar alguém para conseguir os alimentos e arranjar um jeito clandestino de cozinhar. Dessa forma, talvez um dia os revolucionários sejam cozinheiros e os cozinheiros sejam rigidamente controlados por poderem ser potencialmente revolucionários. Credo. Em que confusão fui me meter, não?

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