Sashimi de maçã

Tem coisas simples, que nem chegam a ser receita, mas podem dar muito resultado.

Um dia estava assistindo televisão e, não sei bem porque, peguei uma maçã; nem estava com muita vontade. Como havia acabado de (ou tentado) afiar uma faca, sentei no sofá, distraído, e comecei a cortar a maçã em fatias finas, como se fosse sashimi. Vilma sentou ao meu lado e pediu uma fatia. Depois mais uma, e assim foi, conversando, acabamos por comer outra maçã. Depois ela comentou que quase nunca comia maçãs, porque achava difícil de morder. Agora, chegamos a comer três ou quatro, às vezes de uma só vez.



Ora, veja só, pensei eu, como meu lado super-marketing politicamente correto às vezes se manifesta até sem mesmo sem eu querer. Uma mãe ou um pai podem muito bem incentivar um filho a comer frutas e ainda passar um tempo junto com ele ou com ela graças à técnica milenar do sashimi: apenas com um sofá, uma maçã e uma faca razoavelmente afiada.

Já conheci muitas pessoas que não gostavam da maçã por conta do ângulo da mordida (que é uma forma tecnicamente melhor de se dizer que você tem que abrir a boca para caramba, como se fosse um Godzilla ensandecido, para conseguir morder uma simples maçã) e passaram a gostar por conta do novo corte. É o que os marqueteiros chamam de roupagem nova para um produto existente. Comecei a achar que eu deveria ganhar algum prêmio por isso. 

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