Pimentas e temperos

Voltando ao assunto dos temperos, é divertido também ficar tentando descobrir como funciona cada um em termos de que tipo de sabor ele vai realçar e a maneira pela qual ele vai levar para se manifestar.
O molho de pimenta já cai ardendo na língua, se espalhando como uma horda de hunos furiosos, que fecha a sua garganta e faz tossir às vezes. Diferentemente do wasabi, raiz forte, que em excesso vai direto para o topo da cabeça e faz parecer que toda a sua cabeça vai explodir. A pimenta em pó é mais sutil, você está lá mastigando o alimento e de repente ela começa a se misturar com a saliva e ir tomando conta mansamente de toda a sua boca, entrando em suas narinas. Já o gengibre refresca suas narinas antes mesmo do alimento chegar à boca. O ar do frescor também pode vir do limão, mas em excesso pode deixar tudo ácido demais. O exagero também é o pecado no uso de algumas ervas, que podem deixar tudo com gosto de incenso, como o louro ou o alecrim.
Cada um chega e se acomoda de um jeito diferente. Tem também que o modo como você corta o alimento faz diferença na hora que você o come. Quanto mais fininho o corte, mais o alimento transmite ou recebe o sabor dos ou aos outros. Se cortado grosso, mantém o sabor ou a falta dele até ser mordido. Vira uma bomba de sabor diferente no meio de todo o resto.
Quando tudo está combinadinho, sinto uma onda de sabor subindo até a nuca. É uma sensação próxima à de quando você encaixa um golpe de judô e consegue projetar o adversário ao chão – ou também quando você é que leva o golpe perfeito – tudo está em sintonia. Quando o golpe dá errado, o corpo se ressente, e os gostos ficam competindo na boca, cada um tentando brigar só com base na força, e você termina com a sensação de ficar sem saber o que fazer em seguida.

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