O molho de tomate caseiro e o tempo

O molho de tomates tem muitos usos, o mais frequente deles aqui em casa é em minha lasanha. Mas uma das coisas de que mais gosto no molho de tomate caseiro é a sua benevolência com o meu tempo.

Em primeiro lugar, o quando comprar. Os preços no mercado flutuam ao longo do mês em variações de humor que podem uma vez ou outra nos deixar agradavelmente surpresos, quando muito abaixo do normal. Tudo é questão de esperar; como o custo do molho de tomate depende bastante do preço dos tomates, estou sempre de tocaia, rondando as prateleiras, até que se anuncie a ocasião de uma boa compra. Essa flexibilidade de tempo nos é concedida porque você não precisa preparar o molho no mesmo dia em que comprou os tomates, que eles aguentam bem alguns dias na geladeira – além disso, o molho se presta bem ao congelamento, o que nos permite fazê-lo quando temos o preço e o tempo, para aproveitá-lo depois.

O tempo também me é benevolente na preparação. O maior gasto de tempo é descascar e cortar em quatro de oito a doze tomates na mão mesmo, para economizar energia. Como já disse anteriormente, estou baixando meu tempo de descascar tomates. Só requer uma faca afiada, destreza nas mãos e atenção.

Em uma panela grande, começo refogando uma cebola em fatias em um fio de azeite. Quando translúcidas as fatias, adiciono um dente de alho espremido e, quando este fica dourado, coloco os tomates descascados e cortados, com sementes mesmo. Temperos, poucos, uma folha de louro e algumas pitadas de orégano e manjericão já chegam. Uma pitada de açúcar é muito importante aqui, para quebrar um pouco a acidez do tomate. Uma pimenta dedo de moça picadinha, sem sementes, é opcional. Não coloco sal, por enquanto. Gosto de acertar o sal só quando for usar o molho.

Os tomates cozinham em sua própria água. Demora de meia hora a uma inteira para ficar bom, mas você pode deixar a panela no fogo e ir fazendo outra coisa, só dando uma olhada para mexer de vez em quando com a colher de pau e talvez colocar um copo de água, se o molho começar a ficar muito espesso. O tempo também aqui não é motivo de estresse; se você deixar o cozimento se estender uns cinco ou dez minutos a mais, isso não terá muita importância. Aí você pode usá-lo imediatamente ou congelá-lo, para usá-lo outro dia qualquer, sem muita urgência, só passando-o do congelador para o refrigerador um dia antes, que ele não competirá pelo seu tempo com as outras preparações.

Em tempos de estresses e prazos apertados, essa liberdade de tempo chega a ser terapêutica. Mas nem tudo é perfeito. Um grande problema que encontrei com esse molho é que depois de acostumar o paladar com o gosto do tomate natural, fica difícil voltar aos molhos industrializados - que quase não exigem tempo do cozinheiro - e você passa a enfrentar resignadamente, mas com uma certa alegria, todo o trabalho de fazer tudo desde o início.

Molho de tomate (Foto de jaikishan patel, Unsplash

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