Brincando de Jamie Oliver

Um casal de amigos veio nos visitar e para ajudá-los em sua estrita obediência à Lei Seca, preparei o drink não alcoólico de uma postagem anterior. Minhas mãos começaram a seguir o ritmo da conversa e comecei a fazer algum malabarismo com as garrafas. Provavelmente baixou o espírito de algum cozinheiro da televisão na hora. Jamie Oliver, por exemplo, faz tudo com uma excepcional naturalidade, de fatiar cebolas em segundos a descascar uma cabeça de alho apenas batendo-a contra a mesa, falando o tempo todo e aparecendo bem na câmera o tempo todo. Claro que os seus anos de experiência prática em grandes cozinhas de todo o mundo ajudam.
E claro que eu não tenho esses anos de experiência prática em grandes cozinhas de todo o mundo, e no finzinho, fui pego novamente na armadilha da garrafa sem dosador. Em vez de um fiozinho de groselha, foi uma golfada. Do azeite à groselha, a falta do dosador na garrafa às vezes me pega de surpresa e inesperadamente deito uma grande quantidade de algo no que estou fazendo. Imaginei o grande mestre Pai Mei me olhando com ar de reprovação por minha falta de habilidade, dizendo algo como: “Seu suposto kung-fu é patético...”. Tive de fazer outro drink, mas com foco e concentração dessa vez, que ainda não cheguei ao nível do espetáculo e da prestidigitação. Serviu como lembrete do tipo "sandálias da humildade" de que a cozinha é uma ciência altamente exata.

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