Arroz soltinho

O arroz é outro dos lendários pavores do cozinheiro principiante; é onde ele certamente será ridicularizado, com o seu arroz queimado ou empapado. O que é uma injustiça, porque embora possa parecer coisa simples, exige técnica e arte. Então, para o bem geral da humanidade, coloco aqui alguns truques de Vilma para fazer arroz soltinho, com o seu devido consentimento prévio por escrito, é claro.

Arroz soltinho

Lave o arroz bem - costumo fazer dois copos de arroz - e deixe por um par de horas no escorredor de arroz. Dependendo da posição do escorredor, empoça lá dentro e não sai toda a água. Então preste atenção, tem de ficar bem sequinho para não grudar depois. Então vamos ao próximo passo, o cozimento do arroz. Coloque um meio litro de água para ferver. Cuidado com os três passos seguintes:

1) Em uma panela, esprema um dente pequeno ou meio dente de alho; tem de ser bem pouco, que é só para dar o cheiro. Arroz com alho demais fica com gosto e cheiro ruins.
2) Coloque um fio de óleo. Evite também exagerar no óleo, que acaba por deixar o arroz com gosto ruim (principalmente no dia seguinte) e um brilho meio esquisito.
3) Frite o alho até dourar. Só tome cuidado para não queimar, que fica gosto amargo.

Se você prestou atenção e escapou dessas três armadilhas, coloque o arroz escorrido na panela e o refogue no alho e o óleo, mexendo com uma colher de bambu. Quando os grãos ficarem bem secos, coloque a água fervente. Mais ou menos um dedo e meio acima do nível do arroz.

Uma coisa que quase sempre esqueço nesse ponto é do sal (agora, por exemplo, só lembrei de escrever essa parte quando fui revisar o texto), então nesse ponto, adicione o sal, sem exagerar. Para os dois copos de arroz, umas duas colheres de sobremesa não muito cheias. Mexa para misturar o sal ao arroz, abaixe o fogo ao mínimo e coloque a tampa fechando parcialmente a panela.

Essa história de arroz e água tem certo quê artístico-aleatório, pois, por um lado, o arroz tem de ser cozido, e por outro, não grudar. Isso envolve algumas variáveis: por exemplo, se comprar arroz novo (isso é, recém-colhido), você terá uma grande probabilidade de sair com um arroz empelotado. Não dá para identificar o arroz novo no saco, mas geralmente é vendido em promoção.

Os recursos que temos para evitar catástrofes são colocar mais ou menos água no início e ir experimentando o cozimento do arroz, para ver se precisa adicionar mais água no final, e tampar a panela ou não, o que determina se a água vai secar em mais ou menos tempo, com mais ou menos tempo de cozimento.

Quando a água do fundo do centro da panela secar (o que pode ser verificado abrindo um pequeno buraco com um garfo no centro da panela), experimente alguns grãos para ver se estão al dente, isso é, cozidos mas não muito. Se ainda não estiverem, coloque um pouquinho a mais de água, só molhando o arroz, e deixe cozinhar mais um pouco. Quando estiver bom, use o garfo para soltar levemente os grãos, como se estivesse passando um arado bem delicado na superfície do arroz.

Desligue o fogo e feche completamente a panela com a tampa. Esse é um truque: deixe lá uns 15 minutos, cozinhando sem fogo, em seu próprio vapor. Às vezes, temos de deixar as coisas andarem por si só para que tudo ande bem. De vez em quando, tire a tampa e use o garfo para soltar os blocos que eventualmente se formem, principalmente nas laterais da panela.

E é isso. Se mesmo seguindo essa receita você errar, não desanime, porque a vida é assim mesmo; com atenção e sorte, a segunda vez será melhor do que a primeira.

P.S. Como ilustração, hoje não deu para escorrer os grãos o tempo suficiente. Então Vilma refogou o arroz rapidamente, para não empapar, colocou a água e cozinhou o arroz sem tampar a panela, em fogo alto, para cozinhar por menos tempo. Quando a água secou, desligou o fogo e tampou a panela, como faz normalmente. Esse método também serve para o arroz recém colhido. Ficou soltinho. Fazer o quê? Quem sabe, sabe.

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